O café de São Gonçalo do Sapucaí, Sul de Minas que é comercializado para o mundo
O verde das montanhas, o cheirinho de café que vem de longe, as muitas minas de água pelo caminho e sorrisos tímidos e desconfiados denunciam, estamos em Minas. Mais precisamente na zona rural de São Gonçalo do Sapucaí, no distrito de Ferreira, onde a história de uma mulher tem mudado a vida de muitas outras. Se antes o lugar de mulher era na cozinha e nos muito afazeres domésticos, hoje, elas mandam o recado em uma só palavra: sucesso. Palavra esta inclusive, que define o trabalho das mulheres do campo, que tomaram as rédeas da lavoura, e administram a cafeicultura no Sul de Minas. Estamos falando da Associação das Mulheres Empreendedoras do Café da Serra da Mantiqueira – AMECAFÉ.
A associação foi criada por um grupo de produtoras da região, no dia 10 de julho de 2017, e hoje conta com 20 associadas, e elas vieram com o intuito de abrir espaço para a venda do café, envolvendo pequenas produtoras. O surgimento veio após a mecanização da IWCA – International Women’s Coffe Alliance, (Aliança Internacional das Mulheres do Café) no Sul de Minas. O grupo de produtoras conheceu o trabalho da Aliança, que dividida em 21 capítulos no 7º Espaço Café Brasil, lançou o capítulo brasileiro desta história, com a IWCA – Brasil.
As produtoras do Sul de Minas participantes da cadeia IWCA, que permite mais notoriedade ao negócio do café, trabalhado sob o fundamento preconizado da Aliança, criaram a AMECAFÉ. A associação atualmente agrega mais de 50 mulheres produtoras, das seguintes cidades: São Gonçalo do Sapucaí, Campanha, Cambuquira, Conceição do Rio Verde, Lambari, Heliodora, Pedralva, São Sebastião da Bela Vista e Jesuânia.
“Começamos a nos reunir com as meninas que já estão envolvidas na cafeicultura e queríamos desenvolver outras atividades vinculadas à cafeicultura, como, artesanato e culinária. E nesse meio, começamos a tentar vender o café também. Como já estávamos na IWCA- Brasil, tentamos vender através dela, mas não se pode vender pela IWCA. Ai surgiu a ideia de montar a associação”, conta a produtora rural, Patrícia Borges, uma das protagonistas desta história no Sul de Minas.
Ela também relata uma das dificuldades que encontraram no início: “Algumas mulheres encontraram dificuldades maiores ainda na hora da venda, porque não tinham propriedade. Já na nossa associação, todas que estão relacionadas com o café, podem participar e possuem condições de realizar a venda”, explica.
Patrícia trabalha com a cafeicultura há muitos anos e agora à frente da associação, em um mercado sempre liderado por homens, ela desataca que o maior desafio são os próprios homens; “O maior desafio são os homens, eles possuem um preconceito grande por não aceitarem que as mulheres deem as ordens. Eles possuem resistência, mas na verdade, são as mulheres que cuidam do café no terreiro. A única diferença, é que a mulher não participava na venda do café, porque todas já trabalhavam na lavoura, e o cuidado no terreiro sempre foi da mulher. Agora só tomamos as rédeas da situação. As mulheres estão cada vez mais, se capacitando e auto preparando para um trabalho ainda mais bem feito”, ressalta.
Quem tiver interesse em participar da associação, pode entrar em contato pelo seguinte endereço online: www.facebook.com/amecafe
Legenda da foto: Nosso trabalho foi crescendo e hoje, somente aqui no distrito, já temos 20 mulheres que integram a AMECAFÉ.